Os Sistemas de Trólebus Brasileiros:
São Paulo (SP) - CMTC
O sistema de trólebus na cidade de São Paulo - o primeiro no Brasil - foi implantado em 1949, quando a Prefeitura Municipal criou a CMTC - Companhia Municipal de Transportes Coletivos, para controlar todo o sistema de transporte da capital paulista. Os primeiros trólebus importados para este sistema foram entregues a partir de 1947, procedentes da América do Norte e Inglaterra (conforme tabela abaixo).
A primeira linha que utilizou tais veículos foi então inaugurada em 22/04/1949, ligando o centro da cidade ao bairro da Aclimação, cuja extensão total era de 7,2 km.
De 1949 a 1959, a rede elétrica se expandiu para 31,9 km, havendo quatro linhas em operação, utilizando os 30 veículos existentes.
Em 1954 foram adquiridos 50 trólebus alemães com carroceria Henschel, chassi Uerdingen e equipamentos elétricos Siemens (o chassi e a carroceria formavam, na verdade, um conjunto integral ou monobloco). Estes veículos possuíam ainda um sistema de marcha autônoma.
A rede continuou a se expandir, chegando, em 1957, a 60,3 km. Neste ano foram adquiridos mais 75 trólebus, importados dos Estados Unidos, do tipo ACF-Brill/General Electric. Estes veículos foram comprados usados, do sistema de Denver (Colorado), que desativou este modo de transporte. Foram fabricados entre 1946 e 1948.
A frota, composta de 155 veículos importados, permaneceu inalterada até o ano de 1958, quando foi implantada a indústria de trólebus nacionais. Desta forma, a CMTC adquiriu 10 unidades do tipo Grassi/Villares (o primeiro modelo de trólebus fabricado em nosso país).
Trólebus Pulman Standard/Westinghouse.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos).
Trólebus inglês BUT, na linha da Aclimação (1949).
(Fonte: http://br.geocities.com/zostratus7/01/sp-trolebus-02.htm).
Trólebus Westran, no bairro da Aclimação, em 1949.
(Fonte: http://www.reumatismocarclub.com.br/cgi-bin/reumatismo/reuma_08. asp?IDCategoria=9).
Trólebus alemão Uerdingen/Henschel/Siemens.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação Nacional
de Transportes Públicos).
Trólebus ACF-Brill.
(Fonte: SP Trans).
Trólebus Grassi/Villares, o primeiro trólebus fabricado no Brasil, em 1958.
(Fonte: acervo CMTC/site Railbuss).
Em 1963 houve uma grande mudança, quando a própria CMTC passou a montar as carrocerias para trólebus em suas oficinas, com componentes da empresa carioca Metropolitana - montadora de ônibus - da qual a CMTC adquiriu grande quantidade de veículos. Foram montados 144 trólebus, utilizando componentes de seus primeiros veículos, de antigos ônibus diesel desativados e até mesmo sobre chassis inteiramente novos.
Esta linha de montagem, entre os anos de 1963 e 1969, certamente foi a única salvação para que o sistema não desaparecesse por completo pois, apesar da existência dos trólebus nacionais, estes tinham um preço muito elevado, face à pouca demanda.
Em 1967 foram desativados os seis trólebus Pullman e os quatro BUT (ingleses). Neste mesmo ano foram adquiridos seis novos trólebus Massari/Villares, na versão de menor comprimento e duas portas.
Trólebus CMTC/Villares.
(Fonte: SP Trans).
Trólebus Massari/Villares.
(Fonte: http://www.railbuss.com.br/onibus/galeria/displayimage.php?album=36pos=16).
Em 1969 a frota atingiu seu maior número - 233 trólebus - distribuídos da seguinte forma:
- 20 Westram/CMTC/Villares
- 42 GMC-ODC/CMTC/Siemens
- 61 GMC-ODC/CMTC/Villares
- 20 FNM/CMTC/Villares
- 01 Scania/CMTC/Villares
- 10 Grassi/Villares
- 74 ACF-Brill/General Electric
- 06 Massari/Villares
Em 1971 a CMTC converteu um ônibus diesel Margirius-Deutz com carroceria Striulli para trólebus, com equipamentos Villares.
A última aquisição de trólebus, antes da revitalização do sistema, ocorreu em 1972, quando a CMTC adquiriu nove trólebus Massari/Villares, vindos do sistema de Fortaleza (desativado).
Em 1977 a CMTC elaborou um amplo estudo para a revitalização de seu sistema de trólebus, e preparou as especificações técnicas dos trólebus de moderna concepção que a indústria nacional passaria a fabricar. Surge o Plano Sistran – Sistema Integrado de Transportes, com o intuito de implantar na cidade uma rede de transportes limpos e eficientes. O Plano Sistran previa para São Paulo 1280 trólebus e a criação de mais 280 km de rede, que se juntariam aos 115 km já existentes na época. Infelizmente devido à descontinuidade política da época o plano nunca foi integralmente implantado.
Em 1979 a CMTC realizou testes com um trólebus alemão Mercedes-Benz/BBC/Siemens, na linha Margarida Maria - Patriarca. Este veículo, que operou somente um mês, foi posteriormente devolvido ao seu país de origem.
Trólebus Margirius-Deutz/Striulli/Villares.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos).
Trólebus alemão Mercedes-Benz/BBC/Siemens, em operação experimental na cidade de São Paulo.
(Fonte: http://br.geocities.com/zostratus20/alemanha-1979.jpg).
No período entre 1980 e 1982 foram encomendados 200 veículos do tipo Ciferal/Scania/Tectronic, e outros 90 Marcopolo/Scania/Tectronic, entregues entre 1982 e 1983. Também foram inauguradas sete novas linhas, e a rede elétrica passou de 151 km para 274 km, equivalentes em rede bifilar simples.
Trólebus Ciferal/Scania/Tectronic - Padron "Amazonas".
(Fonte: http://www.railbuss.com.br/onibus/galeria/displayimage.php?albu
m=36&pos=7).
Trólebus Marcopolo/Scania/Tectronic.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos).
Em 1985 um corredor expresso para trólebus e ônibus foi implantado para servir o bairro Santo Amaro. Foram adquiridos 78 trólebus monobloco Mafersa/Villares, além dos dois primeiros trólebus articulados nacionais: CAIO/Volvo/Villares e Marcopolo/Scania/Tectronic.
Em 1986 a CMTC realiza testes com um protótipo de um novo trólebus articulado, produzido pela MAFERSA. Entretanto, com o cancelamento da concorrência para compra de trólebus articulados para o corredor "9 de julho - Santo Amaro", o veículo retorna à MAFERSA, sendo posteriormente entregue à EMTU-SP, para testes.
Trólebus Mafersa/Villares.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos).
Trólebus articulado Volvo/Caio/Villares.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos).
Trólebus articulado Marcopolo/Scania/Powertronics.
(Fonte: acervo Jorge Françozo de Moraes).
Trólebus articulado Mafersa/Villares, em testes na CMTC.
(Fonte : acervo Revista Carga & Transporte).
A privatização do sistema de trólebus da CMTC ocorreu em abril/1994. A frota e as linhas foram divididas em três grupos, de acordo com a área de atuação de cada garagem existente. Assim, a empresa TRANSBRAÇAL assumiu a garagem no bairro Brás, a empresa ELETROBUS assumiu a garagem no bairro Tatuapé e, por fim, a empresa TRANSPORTE COLETIVO IMPERIAL assumiu a garagem no bairro SANTO AMARO.
* Especificações Técnicas:
- Trólebus Mercedes-Benz/BBC/Siemens
- Trólebus Scania/Ciferal/Tectronic (Amazonas)
- Trólebus Mafersa/Villares (protótipo)
- Trólebus Volvo/Caio/Villares - prefixo 8000 (articulado)
- Trólebus Scania/Marcopolo/Powertronics - prefixo 8001 (articulado)
Fonte de Pesquisa:
- “Revista dos Transportes Públicos” (ano 19, 1.996, 4° trimestre), publicado pela ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos: artigo “Trólebus – As Fases da Implantação do Sistema no Brasil”, de autoria de Jorge Françozo de Moraes.
- “CIDADE DE SÃO PAULO - Cronologia do Sistema de Trólebus” (http://zrak7.ifrance.com/sp-trolebus.pdf).