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Trólebus & Veículos Elétricos Brasileiros
Espaço do Leitor


 

 

 

 

 

 

Aug 15, 2:21 PM

 

MENSAGEM

 

Ao Marco Brandemarte – Desabafo de quem luta pelos trólebus até dentro de casa

 

Marco, escrevo esse texto como um desabafo sincero, direto do coração de quem ainda acredita na importância dos trólebus, mesmo quando tudo e todos ao redor parecem empurrar no sentido contrário.

Acompanho seu trabalho há anos, e quero agradecer pela resistência, pela informação e por manter viva a memória e a dignidade desse sistema de transporte tão injustiçado no Brasil. E, ao mesmo tempo, quero compartilhar o quanto essa luta se tornou solitária pra mim — até dentro da minha própria casa.

Aqui, não é só a prefeitura que quer desligar os fios. Em casa também sou minoria.

Minha mãe e minha irmã, por exemplo, sempre foram contra os trólebus. Acham feios, barulhentos, velhos. Não enxergam valor na preservação da rede aérea, nem entendem por que eu me revolto tanto quando leio notícias de desativação, leilões ou abandono de garagens. Acham que “já deu” e que “é melhor tirar mesmo”.

Meu pai, se estivesse mais envolvido no assunto, provavelmente também veria os trólebus como um estorvo — um símbolo do passado, e não do futuro.

É duro, Marco. Muito duro, quando até os mais próximos não entendem que os trólebus não são só "ônibus com fio". São parte de uma história de engenharia, de planejamento urbano, de respeito ambiental. São o que resta de uma São Paulo que ousava ser moderna sem depender do petróleo. São silêncio em meio ao caos. Sombra em meio à fumaça. Uma esperança que insiste em resistir, mesmo sendo desmontada aos poucos, linha por linha.

Quando defendo os trólebus, ouço piadas. Quando protesto contra a prefeitura, ouço que “é só um ônibus velho”. Quando choro de raiva por ver mais uma linha sumindo, sou tratado como exagerado. E isso dói. Dói como paulistano. Dói como cidadão. E dói como alguém que ama essa cidade apesar de tudo.

Se a própria população tivesse noção do valor ambiental, da economia de energia, da durabilidade desses veículos, da lógica por trás de um sistema elétrico interligado… talvez São Paulo hoje fosse referência, e não retrocesso. Talvez, ao invés de trólebus sendo sucateados, estaríamos vendo novas linhas sendo eletrificadas. Mas não. O que vemos é sabotagem institucionalizada, apoiada pelo silêncio ou pelo desconhecimento coletivo.

Você, Marco, é uma das poucas vozes que ainda resistem. E é por isso que resolvi escrever esse texto. Porque eu precisava dizer: mesmo sozinho, mesmo desacreditado por dentro de casa, mesmo bloqueado em fóruns e grupos — eu continuo lutando.

E enquanto houver alguém como você documentando, denunciando e mantendo acesa essa chama, a gente ainda respira. Ainda acredita. Ainda resiste.

Obrigado por existir. Obrigado por mostrar que essa luta tem eco, mesmo que às vezes pareça solitária.

Com respeito e indignação sincera,

 

Tales

 

Re: [Trólebus Brasileiros] Contate-nos 2 - novo envio

 

Tales boa tarde.

 

Fico honrado e muito satisfeito com seu desabafo. Pra quem defende o trólebus isso é uma constante. Recebemos mais críticas que elogios. Mas não podemos desanimar. Nosso trabalho mesmo que seja de formiguinha é importante.

 

Se me permite e não for lhe causar problemas gostaria de publicar essa sua carta no meu site e Instagram. Se preferir posso não citar seus nomes.

 

Muito obrigado.

 

Atitudes como a sua nos fortalecem e nos convencem de que estamos no caminho certo. Obrigado e espero sua resposta.

 

Marco Brandemarte

15/08/2025

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