A História do Sistema Trólebus no Brasil
O sistema de trólebus foi inaugurado no Brasil em 1949, sendo São Paulo a primeira cidade a operar este meio de transporte. O período compreendido entre 1949 e 1967 baseou-se principalmente na importação e também na aquisição de veículos nacionais de 1ª geração. Em decorrência do crescente interesse neste sistema de transportes foi implantada, em 1958, a indústria de trólebus no país.
A partir de 1977 a indústria nacional passou a fabricar veículos modernos, conhecidos como de segunda, terceira, e mais recentemente, de quarta e quinta geração também.
Na sequência apresentamos as principais informações das cinco gerações dos trólebus brasileiros:
1 - Histórico e Características dos Trólebus de Primeira Geração:
O primeiro trólebus nacional de primeira geração foi construído em 1958 pelas Indústrias Villares S/A. O protótipo foi apresentado em várias cidades e levado ao Rio de Janeiro – RJ, para ser apresentado ao então presidente da República na época, o Sr. Juscelino Kubitschek, numa “viagem histórica”, percorrendo a Via Dutra com um gerador elétrico acoplado. Após sua apresentação pelo país, o veículo passou a fazer parte da frota da CMTC – Companhia Municipal de Transportes Coletivos, de São Paulo. Este veículo foi construído sob licença, pois foi necessário buscar-se conhecimento nos Estados Unidos, em virtude do pioneirismo na fabricação de trólebus no país. Desta forma, o chassi e a carroceria foram projetados pela Grassi, sob licença da Marmon Herrington; o equipamento elétrico de propulsão foi desenvolvido pela Villares, sob licença da Westinghouse e o conjunto coletor de corrente foi adquirido da Ohio-Bras. Entre 1959 e 1961 a CTA - Companhia Troleibus Araraquara adquiriu oito unidades Grassi/Villares, enquanto que a CMTC encomendou outras nove unidades em 1961, além do protótipo construído em 1958.
Primeiro trólebus fabricado no Brasil.
(Fonte: folheto “Trólebus Villares” – TC 001, publicado por Indústrias Villares S/A).
Em 1962 a CAIO – Companhia Americana Industrial de Ônibus lança o seu protótipo, empregando também o mesmo tipo de equipamento elétrico, fabricado pela Villares. Foram adquiridas vinte unidades deste veículo pela CTU – Companhia de Transportes Urbanos, de Recife e uma unidade pela CTA. Eram equipados com chassi Massari e eixos FNM.
Trólebus Caio/Massari/FNM/Villares - CTU Recife (PE).
(Fonte: http://www.railbuss.com.br/onibus/galeria/displayimage.php?album=36&pos=4).
Posteriormente em 1963 surge o terceiro fabricante nacional de trólebus monoblocos: Indústria de Viaturas Massari. Uma nova tecnologia empregada fez surgir o trólebus monobloco, com um desenho bastante moderno, utilizando suspensão do tipo mista, com bolsões de ar e molas, e equipamento elétrico Villares. A Massari acabou liderando o mercado na época, fornecendo veículos para os sistemas de Belo Horizonte (cinco veículos), Porto Alegre (cinco veículos), Araraquara (sete veículos), Fortaleza (nove veículos) e São Paulo (seis veículos).
Trólebus Massari, em testes na cidade de São Paulo-SP.
(Fonte: "Trólebus no Brasil" - Facebook).
Entre os anos de 1963 e 1969 uma fase muito curiosa e importante ocorreu na história do sistema trólebus no Brasil. Neste período a própria CMTC passou a construir trólebus em suas oficinas, com mão-de-obra própria. As carrocerias eram padronizadas; os chassis pertenciam a ônibus desativados e aos primeiros trólebus ou ainda inteiramente novos; os equipamentos elétricos eram inteiramente novos, ou também reutilizados dos primeiros trólebus. É importante salientar que a operadora paulistana se lançou à construção de trólebus devido ao alto custo de aquisição de tais veículos fabricados em nosso país. A partir de 1967 os sistemas de trólebus passaram a sofrer um declínio, com a desativação parcial ou total em várias cidades. Este fato foi causado, por exemplo, pela falta de peças sobressalentes para a grande maioria da frota existente (estrangeira); maior oferta de novos ônibus diesel nacionais e o início do interesse pelo transporte individual, em detrimento do coletivo.
Os trólebus de primeira geração possuíam plataformas ou chassis especiais, equipados com suspensão por molas ou mista. As carrocerias possuíam formas arredondadas, típicas da época. O sistema de controle de tração era do tipo eletropneumático (ou cames). Neste sistema a aceleração é conseguida através de um relé limitador (acionado pela pressão no pedal correspondente), que controla a válvula invertida do controle eletropneumático de cames. O ar é introduzido em ambas as extremidades de um cilindro operador. A válvula invertida descarrega ou recarrega a extremidade inferior do cilindro, para movimentar a cremalheira, e com ele, o eixo de cames de um ponto ao outro ou pará-los, a fim de manter a aceleração dentro do valor pré-fixado (as chaves de cames ligam ou desligam os circuitos das resistências e do shunt campo série).
Sistema de controle de tração eletropneumático, instalado no trólebus Grassi/Villares (CTA – n° 1).
(Foto tirada por Marco A. G. Brandemarte, durante visita à garagem da Companhia Trólebus Araraquara, em 1998).