A História do Sistema Trólebus no Brasil
2 - Histórico e Características dos Trólebus de Segunda Geração:
Entre os anos de 1970 e 1976 nenhum trólebus foi construído no Brasil, até que a CMTC, de São Paulo, retomou os estudos visando o retorno da produção de trólebus em nosso país. Estes veículos, porém, deveriam ser de moderna concepção, possibilitando a revitalização dos sistemas. Para a construção dos trólebus modernos foi necessário, mais uma vez, buscar conhecimento na Europa e Estados Unidos, para a elaboração das especificações técnicas. O veículo ideal deveria ter doze metros de comprimento, três portas, suspensão pneumática, direção hidráulica e avançado equipamento de controle de tração, do tipo chopper. Além disso, a altura do piso interno deveria ser mais reduzida que a convencional, seguindo as tendências européias de conforto e operacionalidade. Desta forma, o primeiro sinal do ressurgimento da produção nacional aconteceu em 1977, quando as primeiras cinco unidades foram encomendadas pela CTA, de Araraquara. Estes veículos, entretanto, eram de um tipo intermediário, pois possuíam equipamento de controle de tração eletropneumático, suspensão do tipo mista e ausência de circuladores de ar. A carroceria era do tipo Amélia (CAIO), montada sobre plataforma Massari, com equipamento elétrico Villares.

Trólebus Caio/Massari/ Villares - Araraquara.
(Fonte: Revista "Transporte Moderno" - julho/1977).
A produção maciça iniciou-se em 1980, quando a CMTC encomendou duzentos trólebus Amazonas ao consórcio formado pelas empresas CIFERAL (carroceria), Scania (chassi) e Tectronic (controle de tração). Sendo assim, as primeiras cem unidades (prefixos 7001 a 7100) foram equipadas com sistema de controle de tração por contatores controlados eletronicamente. As outras cem unidades restantes (prefixos 7101 a 7200) foram equipadas com o sistema "chopper". Mais doze unidades deste veículo foram fornecidas à CTU – Companhia de Transportes Urbanos, de Recife (PE), equipados também com sistema "chopper".

Trólebus Ciferal/Scania/Tectronic - CMTC São Paulo-SP.
(Fonte: https://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=518525&page=33).
Paralelamente, a Marcopolo também iniciou sua produção de trólebus de segunda geração. Juntamente com a Scania e Ansaldo (equipamento elétrico) forneceu o seu protótipo para o sistema de Santos em 1979 e outras dez unidades para Araraquara, entre 1980 e 1981. Entre 1982 e 1983, produziu mais sete veículos para Santos, com chassi Scania e equipamento elétrico Ansaldo/Villares, além de outras noventa unidades para a CMTC, com chassi Scania e equipamento elétrico Tectronic (atual Powertronics).

Trólebus Marcopolo/Scania/Ansaldo - protótipo, pertencente à frota da CSTC, de Santos, São Paulo.
(Fonte: http://www.revistaportaldoonibus.com/bancodeimagem/displayimage.p
hp?album=195&pos=23).

Trólebus Marcopolo/Scania/Ansaldo, pertencente à frota da CSTC, de Santos, São Paulo.
(Fonte: http://www.revistaportaldoonibus.com/bancodeimagem/displayimage.p
hp?album=195&pos=21).

Trólebus Marcopolo/Scania/Ansaldo, pertencente à frota da CTA, de Araraquara, São Paulo.
(Fonte: http://www.railbuss.com.br/onibus/galeria/displayimage.php?pos
=-7112).

Trólebus Marcopolo/Scania/Tectronic - CMTC São Paulo-SP.
(Fonte: http://www.spurbanuss.com.br/comunicacao/visualizar/clipping/6
9-anos-do-sistema-de-trolebus-em-sao-paulo).
Outros consórcios construtores surgiram, além dos já citados. Desta forma, em 1982, vinte e dois trólebus foram encomendados pela TRANSERP (Ribeirão Preto), possuindo carroceria Amélia (CAIO), chassi Scania e equipamento elétrico Villares. Além disso, outros dois protótipos foram adquiridos pelo sistema de Araraquara: um deles possuía carroceria CAIO, chassi Scania e equipamento elétrico Villares (1981). O outro veículo também possuía carroceria CAIO, porém com plataforma Massari e equipamento elétrico Brown Boveri (1983).

Trólebus Caio/Massari/BBC - CTA Araraquara-SP.
(Fonte: http://resgatandomemorias.com.br/wp-content/uploads/2017/06/caio65.jpg).

Trólebus Caio/Scania/Villares - TC001 - CTA Araraquara-SP.
(Fonte: http://www.revistaportaldoonibus.com/bancodeimagem/dis
playimage.php?album=195&pos=8).

Trólebus Caio/Scania/Villares - TC 002 - Transerp Ribeirão Preto-SP.
(Fonte: Folheto "Trólebus Villares" (TC 002 / articulado).
Em 1985 foram entregues à CMTC os dois protótipos de trólebus articulado. Um deles possuía chassi Volvo, carroceria CAIO e equipamento elétrico Villares. O outro veículo possuía chassi Scania, carroceria Marcopolo e equipamento elétrico Powertronics. Em 1986 foi montado um protótipo para a cidade de Campinas, com chassi Volvo B-10M (6x2), carroceria Marcopolo e eletrônica Powertronics, sendo o primeiro trólebus de três eixos construído no Brasil, com exceção dos articulados.



Acima à esquerda trólebus articulado Marcopolo/Scania/Powertronics - CMTC São Paulo-SP.
(Fonte: Instagram "gioto13563").
Acima á direita o trólebus Caio/Volvo/Villares - CMTC São Paulo-SP.
(Fonte: “Trólebus – 50 anos em São Paulo”, publicado pela SP Trans – São Paulo Transporte S/A e ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos).
Em seguida o trólebus de três eixos Marcopolo/Volvo/Powertronics - Campinas-SP.
(Fonte: folheto “Trolleybuses – Electrical Equipment and Vehicules”, publicado pela Powertronics S/A – Empresa Brasileira de Tecnologia Eletrônica).
Os trólebus de segunda geração eram do tipo encarroçado, montados sobre plataformas ou chassis, equipados com suspensão a ar. As carrocerias possuíam formas retas, equipadas com circuladores de ar. O sistema de controle de tração era do tipo “chopper” ou “contatores controlados eletronicamente” (em maior número). Os contatores eletromagnéticos curto-circuitam resistores ligados em série com o motor de tração, controlando assim a corrente no motor e, conseqüentemente, o esforço trativo. Os controles eletrônicos, por sua vez, traduzem os comandos correspondentes às posições dos pedais de aceleração e frenagem.

Contatores de estágio, instalados no trólebus CAIO/Massari/BBC, pertencente à frota da CTA, de Araraquara.
(Fonte: folheto “Trólebus BBC” – 025 – 4/83, publicado pela Indústria Elétrica Brown Boveri S/A).