O Sistema Trólebus: Descrição e Características
O sistema trólebus é uma modalidade de transporte que difere dos sistemas de ônibus convencionais, exigindo operação e manutenção diferenciadas. Seu uso é indicado em corredores e vias segregadas, devido a sua rápida aceleração e sua operação especial, já que os veículos (ou trólebus) não possuem a mesma liberdade de um ônibus convencional, sendo dependentes da rede aérea, composta de dois cabos onde se conectam os veículos para a captação de energia e pelas subestações retificadoras. Estas subestações captam energia das redes de distribuição (tensão geralmente especificada em 13200 Volts), transformando-a em 600 Volts, corrente contínua, para alimentação da rede aérea. Em sistemas mais modernos, a corrente pode ser também do tipo alternada, ou então transformada em alternada a bordo do veículo.
Nos trólebus mais modernos existe um banco de baterias que fornece energia para sua tração, em casos de falta de energia na rede aérea. Além disso novos veículos, conhecidos como "e-Trols", podem captar energia tanto da rede aérea quanto das baterias, barateando sua implantação, já que a rede aérea apresenta custo elevado de implantação.
* Principais componentes externos:
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Disposição dos equipamentos instalados na parte externa de um trólebus.
(Foto: Pedro Nardi-Wikimedia).
1-Caixa de contatores: abriga os contatores (definição da configuração de aceleração ou frenagem).
2-Caixa de fusíveis: proteção contra curto-circuitos.
3-Alavancas coletoras de corrente: hastes responsáveis pela captação de energia elétrica da rede aérea, para alimentação do veículo.
4-Resistores de frenagem dinâmica: dissipam a energia elétrica gerada pela frenagem do motor (frenagem reostática). Em veículos dotados de baterias de tração esta energia pode ser utilizada para recarga das mesmas.
5-Ganchos/suportes: prendem as alavancas quando estão recolhidas, ou quando há escape das mesmas da rede aérea.
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Disposição dos equipamentos instalados na parte externa de um trólebus - modelo equipado com banco de baterias de emergência para tração.
(Foto: Adamo Bazani).
6-Banco de baterias de emergência: no caso de falta de energia da rede aérea ou outra situação que torne impossível o uso da rede as baterias fornecem energia para o motor de tração por alguns quilômetros.
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Disposição dos equipamentos instalados na parte externa de um trólebus.
(Foto: https://onibusbrasil.com/nowacki1/11033086?context=prefix).
7-Recuperadores: recolhem as alavancas em caso de escape das mesmas da rede aérea. Possui um sistema de mola em seu interior que recolhe a corda ligada à alavanca.
Disposição dos equipamentos instalados na parte interna do trólebus.
(Fonte: “Trólebus - Manual de Operação” – Trólebus de 2 eixos, publicado pela Powertronics S/A – Empresa Brasileira de Tecnologia Eletrônica).
* Principais componentes internos: abaixo do estrado, entre as vigas e longarinas do chassi ou plataforma encontram-se diversos equipamentos elétricos e eletrônicos, responsáveis pelo funcionamento, controle e proteção do motor de tração e dos demais equipamentos elétricos, os quais estão descritos a seguir:
- Caixa de capacitores/Reator de linha: filtração das harmônicas de alta freqüência geradas pelo chopper.
- Reator do motor: suaviza a corrente fornecida ao motor de tração.
- Inversor: converte a energia da rede aérea (600 Vcc) em 220 Vca, 60 Hz, para alimentação dos sistemas auxiliares.
- Retificador: recarga das baterias e suprimento de 24 Vcc para os circuitos elétricos da carroceria.
- Caixa de controle: envia os sinais de controle aos recortadores (veículos equipados com sistema "chopper".
- Transdutores magnéticos: determinam as taxas de aceleração ou frenagem, de acordo com as posições dos pedais.
- Recortador (chopper de campo/chopper de armadura): controle da corrente do motor. Nos trólebus mais modernos o recortador ou "chopper" foi substituído pelo "Inversor de Tração", que converte a corrente contínua da rede aérea em corrente alternada, para alimentar o motor de tração.
- Caixa de distribuição do sistema auxiliar: comanda o acionamento dos motores do compressor, bomba hidráulica, etc., de acordo com as necessidades de operação.
- Motor de tração: inicialmente eram utilizados motores de corrente contínua, que apresentavam alto custo de produção e manutenção, pois eram produzidos de forma quase artesanal. Atualmente os trólebus mais modernos utlizam motores de tração de corrente alternada, com menor custo de fabricação e manutenção, pois utilizam componentes de fácil aquisição no mercado. Antes instalados entre os eixos dianteiro e traseiro, atualmente os motores são de menor porte, instalados junto aos cubos das rodas traseiras, com menor peso.
* Principais características da rede aérea:
Esquema da rede aérea de alimentação.
(Fonte: Manual “Formação de Motorista Trólebus” – Treinamento e Desenvolvimento, publicado pelo Eletrobus – Consórcio Paulista de Transportes por Ônibus).
1- Isolador NO-BO: separa o fio positivo do negativo, impedindo curto-circuito. Utilizado também para separar energia de fontes diferentes.
2- Chave Seletric: conjunto de peças que possibilita a mudança de direção das alavancas do veículo. Esta chave (ou desvio) é também conhecida como “chave com jogo de alavancas”. Na maioria das vezes, é utilizada para fazer o desvio à direita ou à esquerda – em raras ocasiões pode ser acionada no sentido de linha reta. Seu acionamento é automático, através da passagem simultânea das sapatas das alavancas pelas maquinetas (ou contatores), provocando a mudança de posição das corrediças móveis e, conseqüentemente, da direção das alavancas do veículo. Após a passagem das alavancas, as corrediças móveis retornam às suas posições anteriores por ação dos defletores de recomposição (ou alavancas restabelecedoras). Os principais componentes desta chave são: maquineta, fio piloto, isoladores, corrediça móvel, conjunto de bobinas magnéticas e alavanca restabelecedora. Não existe sinalização para este tipo de chave.
3- Chave Controle Remoto: constitui também um conjunto de peças que possibilita a mudança de direção das alavancas do veículo. A diferença em relação à chave anterior está na ação do motorista que, orientado por uma sinalização (ver descrição no final desta página), efetua a mudança da posição das corrediças móveis e das alavancas do veículo. Para orientar o motorista no acionamento desta chave existem pontos de referência, como por exemplo um poste, uma placa de loja ou uma marca pintada no solo de cor amarela. Os componentes desta chave são os mesmos da chave tipo Seletric, mais o Contator de Chave.
4- Maquineta: capta energia da rede, enviando-a através do fio piloto até o conjunto da bobina magnética (“conjunto elétrico”), movimentando a corrediça móvel. O fio “trolley” passa por entre as duas lâminas da maquineta, não encostando na mesma. O contato com a maquineta é feito através da sapata da alavanca do veículo.
5- Conjunto de Bobinas Magnéticas: responsável pela mudança das corrediças móveis através da energia vinda das maquinetas e transmitida pelo fio piloto.
6- Poste: sustentação da rede aérea.
7- Isolador de Porcelana: isola o tirante do poste.
8- Suspensor A.G.C.: fixa o fio “trolley” no tirante, isolando um fio do outro, através do espaçador de madeira, não permitindo a passagem de energia do fio “trolley” para o tirante.
9- Tirante: mantém a rede aérea suspensa.
10- Jamper: transporta energia por sobre a rede, levando-a ao outro lado do isolador.
11- Contator de Chave: componente através do qual se aciona o conjunto elétrico para o desvio na rede aérea.
12- Fio Piloto: responsável pela condução de energia das maquinetas para o conjunto de bobinas magnéticas (“conjunto elétrico”).
13- Corrediça Móvel: componente acionado eletricamente, que efetua o desvio da rede aérea no sentido do acionamento da chave.
14- Corrediça Móvel: componente acionado eletricamente, que efetua o desvio da rede aérea no sentido do acionamento da chave.
15- Fio “Trolley”: dois fios energizados por onde deslizam as sapatas das alavancas do veículo, com a função de alimentar o mesmo.
16- Alavanca Restabelecedora: componente responsável pelo retorno da corrediça móvel ao seu local de origem.
Existem ainda outros componentes presentes em uma rede aérea de trólebus:
- Entroncamento: é uma chave não acionada eletricamente, mas por pressão das sapatas do trólebus nas corrediças móveis, num ponto de junção de duas redes. No entroncamento, ocorre a entrada na linha principal saindo de uma variante mantendo, portanto, o mesmo sentido de direção.
- Cruzamento: é uma intersecção de duas vias, ou seja, dois sentidos de direção. Tanto para cruzamentos como para entroncamentos existem isoladores e procedimentos específicos para fazer a passagem na rede.
Esquema da um entroncamento.
(Fonte: Manual “Formação de Motorista Trólebus” – Treinamento e Desenvolvimento, publicado pelo Eletrobus – Consórcio Paulista de Transportes por Ônibus).
Esquema da um cruzamento.
(Fonte: Manual “Formação de Motorista Trólebus” – Treinamento e Desenvolvimento, publicado pelo Eletrobus – Consórcio Paulista de Transportes por Ônibus).
Sinalização de operação da chave controle remoto:
Para orientar o motorista do trólebus existem, ao longo da rede aérea, determinados sinais (ou placas), presos em postes ou na própria rede. Os sinais relativos à operação da chave controle remoto indicam se o motorista deve passar ou não com o acelerador pressionado, dependendo da direção que o mesmo quiser tomar. No caso de o motorista efetuar uma curva (saindo da linha principal), o mesmo deve manter pressionado o acelerador, para que possa acionar o contator e, conseqüentemente, a mudança na posição da chave.
A sinalização pode variar, dependendo da localidade. Em Ribeirão Preto, por exemplo, a indicação para que o motorista acelerasse ou não o veículo era feita através de pequenas placas, presas na própria rede. Em sistemas mais modernos, a mudança de direção não é mais feita pela ação do acelerador, mas sim através de um botão instalado no painel de comando do trólebus, acionado pelo motorista, que escolhe qual direção seguir.
As letras, acompanhadas das setas, indicam o sentido e a ação do motorista. A letra “L” significa que o veículo deve passar ligado no local (motorista acelerando); a letra “D” significa que o veículo deve passar desligado (motorista desacelerando), de acordo com o sentido a ser seguido. Algumas destas placas podem também indicar a presença de isoladores na rede, indicando que o veículo deve passar desacelerado pelo local (no caso, as que apresentam a letra “D”).
As setas indicam quando a chave deve ser acionada, e em que sentido. A seta maior indica força ligada, acelerando o veículo; a seta menor indica passagem livre, sem pressionar o acelerador.
(Fonte: Manual “Formação de Motorista Trólebus” – Treinamento e Desenvolvimento, publicado pelo Eletrobus – Consórcio Paulista de Transportes por Ônibus).