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Os Sistemas de Trólebus Brasileiros:
São Paulo (SP) - CMTC: Garagens de Trólebus


 

Em toda a história da CMTC enquanto operadora do sistema de trólebus paulistanos existiram 05 garagens de trólebus onde se realizavam a guarda, manutenção e testes dos veículos.

 

A primeira garagem de trólebus foi a do bairro Aclimação adaptada em 1949 para receber os veículos, onde antes eram abrigados parte dos bondes paulistanos. De forma provisória a CMTC adapta também a garagem desativada de bondes da Alameda Glete no bairro Campos Elísios para abrigar parte da frota paulistana de trólebus entre os anos de 1963 a 1968.

 

Em 1968 os trólebus são transferidos para a antiga garagem de bondes do Brás, desativando-se as duas primeiras garagens. Posteriormente com o aumento da frota e das linhas de trólebus na cidade foi necessário a construção de mais duas garagens, sendo uma na zona leste no bairro do Tatuapé e outra na zona sul em Santo Amaro.

Acompanhe abaixo mais informações:

> GARAGEM ACLIMAÇÃO

A garagem do bairro Aclimação foi construída no início do século XX pela Light inicialmente para abrigar os bondes. Em 1949 foi adaptada para receber os primeiros trólebus paulistanos, sendo portanto a garagem pioneira do sistema. A partir de 1968 os trólebus foram transferidos para a garagem do Brás, e o local passou a abrigar ônibus a diesel.

Em 1995 a garagem da Aclimação foi demolida e em seu lugar foi construída​ a Praça Rosa Alves da Silva, inaugurada em 1996.

A garagem pioneira dos trólebus da CMTC no bairro Aclimação em São Paulo - antiga garagem de bondes que passou a abrigar os trólebus até 1968.

(Acervo CMTC / Jorge Françozo de Moraes).

No local da antiga garagem da Aclimação foi construída a Praça Rosa Alves da Silva.

(Google Maps - outubro de 2025).

> GARAGEM ALAMEDA GLETE

A garagem de bondes do bairro Campos Elísios foi construída pela Light em 1910, localizada entre a Alameda Glete e a Rua Helvetia, ambas cruzando com a Avenida São João.

Em 1963 já desativada para os bondes abrigou temporariamente parte da frota de trólebus paulistanos até o ano de 1968, quando a frota de trólebus paulistana foi totalmente transferida para a garagem do Brás.

Recorte de jornal não identificado sobre a inauguração da garagem de trólebus paulistanos na Alameda Glete.

(Acervo página Facebook "Trólebus no Brasil").

Pátio da garagem da Alameda Glete à época dos bondes.

(Acervo CMTC / Jorge Françozo de Moraes).

Parte da frota de trólebus paulistanos alojados na garagem da Alameda Glete.

(Acervo Jorge Françozo de Moraes).

Localização atual de onde foi a garagem de trólebus paulistanos entre a Alameda Glete e Rua Helvétia, no bairro Campos Elísios.

(Google Maps - outubro de 2025).

> GARAGEM BRÁS (GBR)

A Avenida Celso Garcia já foi a mais importante e por muito tempo única via de ligação do centro de São Paulo com os bairros mais distantes, como Penha e São Miguel Paulista. Hoje um tanto quanto decadente e esquecida pelo poder público, a via já teve todo tipo de comércio e estabelecimentos comerciais, incluindo a saudosa garagem de bondes do Brás e ao seu lado um edifício da Companhia Light que mesmo deteriorado permanece ainda por lá. No local estão presentes a memória da energia e dos transportes coletivos da capital paulista.

 

Em 1900 passaram a circular em São Paulo os bondes eletrificados que substituíram os bondes movidos a tração animal que operaram na cidade pela Viação Paulista. Os dois prédios foram construídos pela Light entre 1900 e 1906. Da antiga “cocheira do Brás” que era o nome do local onde ficavam os bondes movidos a burro que operaram até a virada do século 19 para o século 20 nada mais existe. Entretanto o antigo complexo da Light sobrevive até os dias atuais.

 

Enquanto a antiga garagem de bondes continua funcional até os dias atuais, tendo servido com garagem de bondes até 1968 e após este período alternando como garagens de trólebus (CMTC e Transbraçal) e diesel, o velho prédio da Light sofre com o descaso de anos e anos de abandono.

 

Tombado como patrimônio histórico desde janeiro de 2013 pelo Condephaat, o imóvel está numa situação muito ruim. Embora com as estruturas preservadas, o local está repleto de pichações, sujeira, vidros quebrados e até janelas faltando. Até pouco tempo atrás, funcionava como Departamento de Distribuição do Sistema de Corrente Contínua da Eletropaulo, porém já tem alguns anos que a placa da empresa foi removida da fachada. No passado mais remoto o prédio também servia como local para pagamento de contas de consumo de energia elétrica.

 

A arquitetura do prédio remete ao padrão típico adotado pela Light no Brasil em quase a totalidade de seus imóveis, com tijolos aparentes e forte inspiração na arquitetura canadense e inglesa. Estilo este que pode ser conferido em outras dependências da empresa instaladas em outros bairros paulistanos, como a Vila Mariana.

A garagem do Brás à época dos bondes.

(Acervo Jorge Françozo de Moraes).

Em 1994 com a privatização do sistema de trólebus da CMTC a empresa TRANSBRAÇAL assumiu a responsabilidade pela garagem e a operação de seis linhas de trólebus, restritas às áreas Norte, Leste e Sul da capital paulista.

No início dos anos 2000 com o desmonte de grande parte do sistema de trólebus da cidade a empresa encerrou suas atividades. Os trólebus Marcopolo foram repassados a outras operadoras e os mais antigos foram sucateados.

O local foi tombado como patrimônio cultural pelo CONDEPHAAT em 2008 e pelo CONPRESP em 2014, configurando hoje um relevante lugar de memória dos trabalhadores e do transporte em São Paulo. Atualmente o prédio está ocupado pela Viação Metrópole Paulista.

A garagem do Brás atualmente ocupada pela Viação Metrópole Paulista.

(Google Maps - outubro/2025).

O contrato de concessão da Light para prestação de serviços de transportes urbanos perdurou até meados da década de 1940; a partir de então a empresa se desinteressou pela continuidade do serviço frente à acirrada competição com os ônibus.

 

Nesse contexto foi criada em 1946 a empresa pública Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) que encampou o acervo da Light e operou os bondes até 1968.

Ainda em 1968 com o aumento da frota e das linhas de trólebus paulistanas a garagem do Brás foi adaptada para a guarda e manutenção dos trólebus, quando foi desativada a garagem do bairro Aclimação.

A garagem do Brás em 1968 - desativação dos bondes e adaptação do local para receber a frota de trólebus paulistanos.

(Acervo Jorge Françozo de Moraes).

A garagem do Brás e parte da Avenida Celso Garcia em 1992.

(Acervo CMTC / SP Trans).

> GARAGEM TATUAPÉ (GTA)

A garagem de trólebus do bairro Tatuapé foi construída no ano 1980 e inaugurada em 21 de janeiro de 1982. Com capacidade inicial para 350 veículos a frota inicial era composta de 291 trólebus construídos entre 1979 e 1982 sendo 200 veículos com carroceria Ciferal e 90 com carroceria Marcopolo, além do trólebus articulado também com carroceria Marcopolo fabricado em 1985; todos utilizaram chassis Scania e equipamentos elétricos Tectronic.

 

A garagem foi parte integrante do Plano Sistran (Sistema de Transportes Urbanos de Passageiros da Região Metropolitana de São Paulo) buscando integrar os diversos modais e sistemas de transporte da localidade. De acordo com o projeto, elaborado pela administração do prefeito Olavo Setúbal, seriam 1280 trólebus e 280 km de rede aérea que se juntariam aos 115 km existentes, com os veículos rodando em corredores exclusivos, abrangendo tanto a cidade de São Paulo como demais municípios vizinhos. Porém a descontinuidade política impediu a implantação total do projeto.

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A garagem GTA em construção.

(Imagens extraídas do vídeo "TRÓLEBUS HISTÓRICOS - GARAGEM TATUAPÉ - CMTC - Episódio 19", de autoria de Jorge Françozo de Moraes).

GTA CMTC 02.png

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Fachada da Garagem de Trólebus GTA em diferentes épocas:

01-Década de 1990 - CMTC (imagem extraída do vídeo "TRÓLEBUS HISTÓRICOS - GARAGEM TATUAPÉ - CMTC - Episódio 19", de autoria de Jorge Françozo de Moraes).

02-Ano de 1998 - Consórcio Eletrobus (Foto: Marco Brandemarte).

03-Ano de 2024 - Ambiental Transportes (Foto: Marco Brandemarte).

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A manutenção inferior dos veículos na Garagem de Trólebus GTA em diferentes épocas:

01-Década de 1990 - CMTC com elevadores hidráulicos (acervo Jorge Françozo de Moraes).

02-Ano de 1998 - Consórcio Eletrobus com elevadores hidráulicos (Foto: Marco Brandemarte).

03-Ano de 2024 - Ambiental Transportes - devido ao maior comprimento dos veículos os elevadores foram substituídos por valas (Foto: Marco Brandemarte).

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Diferentes modelos em diferentes épocas no mesmo local da garagem GTA - saída do galpão de manutenção:

01-Década de 1990 - Trólebus Scania/Ciferal/Tectronics CMTC (acervo Jorge Françozo de Moraes).

02-Ano de 1998 - Trólebus Scania/Marcopolo/Tectronics prefixo 7213 após reforma Consórcio Eletrobus (Foto: Marco Brandemarte).

03-Ano de 2024 - Trólebus Scania/CAIO/Eletra Ambiental Transportes (Foto: Marco Brandemarte).

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Pátio de estacionamento de trólebus da GTA:

01-Ano de 1989 - CMTC (Acervo CMTC).

02-Ano de 2024 - Ambiental Transportes Urbanos (Foto: Marco Brandemarte).

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Atualmente a garagem é operada pela Ambiental Transportes Urbanos, sendo a única garagem de trólebus da capital paulista, abrigando também ônibus elétricos a bateria.

> GARAGEM SANTO AMARO (GSA)

​A Garagem Santo Amaro foi inaugurada em 14 de agosto de 1987 sendo projetada para abrigar 500 trólebus e ocupando uma área total de 56.200 m², sendo 17.200 m² construídos. A garagem incluía um refeitório, um posto de saúde, além de todos os equipamentos necessários para a manutenção, reparo, abastecimento e armazenamento dos veículos. Estava localizada na zona sul da cidade na Avenida Guido Caloi número 1200 no bairro Guarapiranga,

Visões externa e interna da GSA.
(Acervo Jorge Françozo de Moraes).


 

As operações da GSA, assim como do corredor Santo Amaro / 9 de Julho, iniciaram-se antes da conclusão das obras. O projeto, idealizado pelo Secretário de Transportes Getúlio Hanashiro durante o governo Mário Covas (1983-1985) previa que a garagem operasse exclusivamente com trólebus, semelhante às garagens Brás (GBR) e Tatuapé (GTA), visando atender os futuros Terminais Capelinha, João Dias e Santo Amaro, assim como os corredores Itapecerica, João Dias, Brigadeiro, Santo Amaro e Nove de Julho.

Porém em 1986 o prefeito Jânio Quadros cancela o plano de expansão de trólebus. Deste modo o corredor passa a ter operação mista com ônibus a diesel e trólebus. Em 1987 é inaugurado o corredor de forma gradual com a operação inicial efetuada por ônibus diesel da CMTC e de outras empresas particulares, sendo a inauguração da garagem e a operação com trólebus iniciadas em agosto deste mesmo ano.

 

Em 1989 a frota da garagem era composta por trólebus padron Mafersa e articulados (protótipos) e também por ônibus diesel articulados, padrons Mafersa e também pelos ônibus de dois andares (ODAs).

Pátio de estacionamento da GSA à época dos trólebus Mafersa e dos ônibus de dois andares (ODAs).
(Acervo Jorge Françozo de Moraes).


 

Em 1994 com a privatização da operação dos trólebus da CMTC a Viação Transportes Coletivos Imperial assumiu o local, sendo responsável pela operação dos trólebus no Corredor Santo Amaro com um total de cinco linhas restritas às áreas sul/sudoeste da capital paulista.

Na sequência Viação Soares Andrade, Viação Santo Amaro, Viação Eletrosul e Viação São Paulo São Pedro operam os trólebus na região.

Em 2003 a Viação São Paulo São Pedro encerra suas atividades, com a desativação dos trólebus no Corredor Santo Amaro.

A entrada principal da GSA foi transformada no prédio administrativo da sede regional sul da SPTrans.

(Google Maps - outrubro/2025).

A operação no corredor passa a ser realizada por ônibus a diesel. São realizados testes com ônibus híbridos porém o projeto não foi adiante. Os trólebus Mafersa e Neobus (estes com poucos anos de uso) são sucateados; os dois trólebus articulados são transferidos à GTA sob responsabilidade da Himalaia Transportes.

A GSA foi então subdividida em quatro partes. A maior parte do pátio foi destruída e em seu lugar foi construído um condomínio de casas populares, enquanto uma porção considerável deu lugar à nova Avenida Luís Gushiken. Restou uma pequena área do pátio e o prédio de manutenção, que estão alugados para a Viação Gatusa. A entrada principal, por sua vez, foi transformada no prédio administrativo da sede regional sul da SPTrans.

 

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