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Trólebus & Veículos Elétricos Brasileiros:
Artigos & Entrevistas - Entrevista Iêda Oliveira 16/07/2021


 

Hoje conversamos com Iêda Maria Oliveira, diretora e coordenadora do Grupo de Veículos Pesados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico - ABVE e diretora comercial da Eletra Tecnologia em Tração Elétrica.

 

Confira mais detalhes da entrevista abaixo:

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Iêda Maria Oliveira

(Acervo pessoal)

 

 

 

TB: Quais são as tecnologias que a Eletra atua quanto ao setor de tração elétrica?

Iêda: A Eletra é uma especialista em tecnologia de tração elétrica para veículos pesados:

TRÓLEBUS: ônibus elétricos cuja fonte de energia que alimenta este sistema vem de REDE AÉREA. Hoje os trólebus também utilizam pequenos bancos de baterias que permitem operar em trechos do percurso e nas garagens sem a necessidade da rede aérea. Uma das vantagens deste modelo misto é que ao se conectar na rede, as baterias são recarregadas (carga em deslocamento);

TB: Iêda, primeiramente, muito obrigado por aceitar nosso convite para esta entrevista. É uma honra para nós poder conversar com uma representante da Eletra, empresa que muito representa e orgulha nosso país com seu pioneirismo e desenvolvimento tecnológicos constantes.

A sra. poderia, por gentileza, nos contar um pouquinho sobre como e com qual propósito surgiu a Eletra?

Iêda: A Eletra surgiu da necessidade de se encontrarem alternativas tecnológicas de baixa emissão para ônibus urbanos. O grupo empresarial ao qual a Eletra pertence (Grupo ABC), constituído de operadores tradicionais de transporte público, necessitava encontrar soluções tecnológicas de baixa emissão.

 

Em pesquisas pelo mundo, representantes destas operadoras conheceram um modelo de ônibus elétrico na Itália, iniciando então diversos contatos para entenderem a viabilidade desta tecnologia. Encontraram então um engenheiro formado pelo ITA, o sr. Antonio Vicente Sousa e Silva e seu braço direito, que hoje é nosso gerente de produtos, Paulino Hiratsuka. Foi feita uma pergunta a esses dois profissionais: onde poderemos comprar estes ônibus elétricos? A resposta foi: em vez de comprar, podemos desenvolver e fabricar. Assim nasceu a Eletra, pioneira no Brasil e no mundo em várias soluções tecnológicas para ônibus e caminhões com tração elétrica.

ELÉTRICOS HÍBRIDOS: ônibus elétricos cuja fonte de energia que alimenta a tração vem de um grupo gerador e/ou de baterias. Neste modelo os veículos também podem operar em parte da rota no modo elétrico puro, com o grupo motor gerador desligado. Uma vantagem dessa tecnologia é que ela não necessita de infraestrutura de recarga, e permite o retrofit para elétrico puro a qualquer momento durante a vida útil ou seja, substituir o grupo motor gerador por baterias;

ELÉTRICOS PUROS: ônibus elétricos cuja única fonte de energia que alimenta a tração são as baterias. Estes modelos podem ter duas formas de recarga:

a) recarga única, à noite, nas garagens;

Vídeo institucional: "Conheça a ELETRA"

(https://www.eletrabus.com.br/)

 

 

 

b) recargas de oportunidade, nos terminais: esta opção permite diminuir o banco de baterias e estender a autonomia operacional dos ônibus;

e-RETROFIT: conversão de caminhões e ônibus com tração diesel para tração elétrica. Esta é uma solução customizada que permite antecipar a eletrificação no Brasil, utilizando a frota existente, e também impedir que caminhões, principalmente, fiquem por anos poluindo e gerando lixo veicular nas cidades;

CARREGADORES: a Eletra também desenvolve carregadores para veículos pesados, com tecnologia 100% nacional. É uma linha modular com capacidade de 15kWh até 120kWh.

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Iêda: "A ELETRA surgiu da necessidade de se encontrarem alternativas tecnológicas de baixa emissão para ônibus urbanos".

 

 

 

TB: É fato que os veículos elétricos movidos a bateria, incluindo os ônibus, aos poucos vêm ganhando mercado e preferência. A tecnologia não é nova, porém tem sofrido constante evolução, principalmente nos últimos anos. Será esse um caminho irreversível?

Iêda: Os ônibus elétricos movidos à bateria são uma realidade no mundo hoje e, sim, este é um caminho sem volta. Mas acreditamos que a evolução seja ainda maior do que apenas no segmento de ônibus à bateria.

O que estamos vendo e participando ativamente do desenvolvimento e pioneirismo, é a soma das várias tecnologias disponíveis com o objetivo de encontrar a melhor solução, no melhor custo benefício. Os ônibus elétricos, principalmente, permitem um leque de opções para a geração de energia. É possível mesclar rede aérea com baterias e obter soluções otimizadas. Também baterias e célula de hidrogênio. Ou ainda baterias e turbina à gás. Ou, quem sabe, geradores a álcool e baterias...

A lição que estamos perto de aprender é que não existe uma única solução para um país com a frota gigantesca, como o Brasil. É preciso incentivar todas as tecnologias de baixa emissão: eletricidade, gás, biocombustíveis, célula de hidrogênio, etc...  Esta é a maior oportunidade que o Brasil tem: diversificar a sua matriz energética e deter as várias tecnologias de baixa emissão, liderando esse processo e ampliando as oportunidades para a indústria instalada no país.

 

 

 

TB: Os trólebus perderão espaço diante da evolução de novas tecnologias, como por exemplo, os ônibus elétricos a baterias ou a hidrogênio? É possível essas tecnologias coexistirem numa mesma metrópole?

Iêda: Acho que esta pergunta complementa a minha resposta anterior. Os trólebus com pequenos bancos de baterias são hoje uma das soluções mais robustas e econômicas para os sistemas de transporte, principalmente de alta demanda.

 

O fato de utilizarem a rede aérea em corredores, além de alimentar o sistema de tração para o deslocamento dos ônibus, também permite a recarga das baterias durante o deslocamento. Eles apresentam muitas vantagens, como por exemplo:

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – carregamento das baterias com o veículo em movimento, ao invés de parado;

SEGURANÇA OPERACIONAL: a operação tem a redundância de duas fontes de energia disponíveis: se acontecer qualquer problema com a rede aérea,os ônibus se deslocam com as baterias. Não é necessário instalar rede nas garagens. Não há necessidade de os ônibus ficarem parados por horas no período noturno para recarga, dando mais tempo para as atividades de manutenção e limpeza;

REDUÇÃO DE CUSTO DO MODELO: O investimento feito em rede aérea, cuja vida útil ultrapassa os 80 anos, substitui o investimento em carregadores e subestações nas garagens, reduzindo o tamanho do banco de baterias em dois terços. O fato de as baterias se recarregarem toda vez que o trólebus se conectar na rede aérea permite alongar a vida útil delas.

 

No caso dos ônibus movidos apenas a baterias, além do investimento em carregadores e estações de recarga, o banco de baterias é maior e precisa ser substituído quando a autonomia não estiver mais atendendo à operação.

 

Aqui, não estamos querendo trocar uma solução por outra, mas sim explorar onde cada solução tem a melhor performance. Para ônibus de alta capacidade e corredoresm entendemos que o operação dual, com Trólebus e Elétrico Puro, ofereça o melhor custo benefício. Já em outros modais os elétricos puros são mais indicados. De novo: não existe uma única solução, mas sim a melhor solução para cada modelo de operação.

 

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Iêda: "Para ônibus de alta capacidade e corredores, entendemos que o operação dual, com Trólebus e Elétrico Puro, ofereça o melhor custo benefício. Já em outros modais os elétricos puros são mais indicados. Não existe uma única solução, mas sim a melhor solução para aquele modelo de operação".

 

 

 

TB: Quais incentivos seriam necessários para uma maior expansão dos trólebus no Brasil?

Iêda: O sistema de transporte com tração elétrica, trólebus e baterias, precisa de concessões que mudem o conceito de operadores de ônibus para operadores de sistemas de transporte, com prazos maiores de concessão, centralização de toda a operação e infraestrutura, incentivos fiscais para o consumo de energia e  possibilidade de melhorias e investimentos dentro do mesmo contrato.

 

TB: Desde a sua implantação no Brasil o sistema trólebus tem sofrido constantes altos e baixos, tanto em sua operação quanto na produção de veículos e componentes. Em sua opinião, o trólebus será mais bem aproveitado no futuro?

Iêda: Não tenho dúvidas de que este modelo de trólebus com baterias e recarga na rede aérea durante o deslocamento será uma das grandes soluções para vários sistemas de transporte no país. Isto já é uma realidade na Europa e está em plena expansão.

Links relacionados:

- Eletra Tecnologia em Tração Elétrica

https://www.eletrabus.com.br/

- Associação Brasileira do Veículo Elétrico:

http://www.abve.org.br/

- Linkedin Iêda Maria Oliveira

https://www.linkedin.com/in/i%C3%AAda-maria-a-oliveira-6b68b628/

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