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Trólebus & Veículos Elétricos Brasileiros
Fabricantes: CAIO Induscar


 

José Massa. Acervo Revista "Technibus".

José Massa, idealizador e sócio-fundador da CAIO.

(Acervo Revista "Technibus").

No final da década de 1920 o Brasil tinha como presidente Whashington Luís cujo lema era “Governar é abrir estradas”. Neste contexto o imigrante italiano José Massa desembarca em São Paulo em 1925 abrindo sua própria oficina (trazia na bagagem seu diploma de eletricista e mecânico assinado pelo Instituto Industrial de Ferino, na Itália.

José Massa casou-se em 1926 e em 1927 começou a trabalhar na Grassi, importante fabricante de carrocerias para ônibus, numa época em que os bondes estavam sendo substituídos pelos ônibus. Por 18 anos trabalhou na empresa sendo promovido a chefe de seção de projetos e posteriormente a gerente industrial.

Aos 41 anos de idade José Massa funda com dois sócios capitalistas – os irmãos Octacílio e José Gonçalves – a Companhia Americana Industrial de Ônibus (CAIO), em 19 de dezembro de 1945.

No dia 12 de janeiro de 1946 a empresa começa a operar num barracão de 3120 metros quadrados na avenida Celso Garcia, no Brás. A primeira carroceria levou 30 dias para ficar pronta; um ano depois já fabricava 12 carrocerias mensais para seus clientes pioneiros, como o Expresso Brasileiro e Parada Inglesa.

Com apenas dois anos de atividade a fábrica da Caio na avenida Celso Garcia já estava com sua capacidade comprometida, sendo naquele ano montadas 319 carrocerias. A solução foi construir uma nova fábrica na Rua Guaiauna, no bairro da Penha, a qual iniciou suas atividades em 1950 com uma área coberta de 20508 metros quadrados. Pouco antes da inauguração da nova fábrica a Caio adquire a Cermava, uma famosa marca carioca de carrocerias para ônibus. Na década de 1950 a Caio então trabalhava em duas frentes: no Rio de Janeiro através da Cermava e em São Paulo, com a sede da Caio.

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A fábrica da CAIO no Bairro da Penha em são Paulo:

1 e 2 - fachada externa da fábrica na Rua Guaiauna (acervo "São Paulo Antiga");

3 - interior da fábrica na Rua Guaiauna (acervo Revista "Technibus").

A produção de carrocerias para ônibus na fábrica da Cermava, na cidade do Rio de Janeiro, em 1957.

(Acervo "Ivonaldo Holanda de Almeida").

Importante salientar que a empresa se originou numa época em que o Brasil era completamente importador de veículos, fator que contribuiu muito para o sucesso da marca, aliado claro à competência de seus sócios e qualidade do produto. A madeira de lei (cabreúva, com acabamentos em cedro e imbuia) era o material empregado na estrutura das carrocerias, em suas laterais, teto, frente, traseira e piso. O revestimento externo era de chapas de aço e no interior o estofamento dos bancos vinha era couro legítimo. Eram os tempos das jardineiras, com motor dianteiro de marcas como Buda e Hércules. As janelas imitavam os trens - acionadas por catracas - e vinham protegidas por grades.

Início da atividade fabril da Caio no bairro da Penha em São Paulo.

(Acervo Revista "Technibus").

Uma jardineira Caio 1946 sobre chassi Chevrolet: estrutura de madeira revestida com chapa.

(Acervo Revista "Technibus").

Uma das primeiras jardineiras Caio sobre chassi Ford 1947 - Expresso Bandeirantes Viação.

(Acervo Portal "Juntosabordo").

De início a Caio também tinha forte participação no mercado de ônibus rodoviários. Várias transportadoras, entre elas a mineira São Geraldo, rodaram naqueles tempos pioneiros com jardineiras, levando uma escadinha na traseira que dava acesso ao teto, onde iam as bagagens dos passageiros.

Em 1952 a Caio produz sua primeira carroceria totalmente metálica, com estrutura construída com perfis de aço em U, com abas, e chapeamento externo ainda em aço.

 

No ano seguinte apresenta um chassi de fabricação própria, construído segundo projeto e sob licença da italiana Sicca. Equipado com motor FNM nacional este foi seguramente o primeiro chassi de ônibus com motor traseiro fabricado no país (utilizando-se das instalações da Cermava a Caio fabrica cerca de 300 unidades até 1964). Isto numa época de importação indiscriminada de chassis das mais variadas marcas e modelos, na maior parte das vezes caminhões sem cabine sobre os quais se montavam carrocerias para o transporte de pessoas; mesmo os caminhões pesados da FNM, único fabricante brasileiro de veículos até então, foram muito utilizados na construção de ônibus.

 

Foi marcante, portanto, a iniciativa da Caio fabricar um chassi especialmente projetado para o transporte de passageiros, muitos anos antes da implantação oficial da produção de veículos no país.

Na mesma época do lançamento do chassi Siccar a Caio renovou completamente sua linha de carrocerias, melhorando o acabamento e modernizando o desenho, adotando linhas mais aerodinâmicas, superfícies curvas e vigias envolventes nas extremidades dos para-brisas. Com isto, seus carros perderam o ar artesanal de antes e pela primeira vez se aproximaram, em design, do que havia de mais atualizado no exterior. Este foi o modelo posteriormente conhecido como “Fita Azul”. Essa carroceria teve vida longa e sobreviveu sem grandes modificações até o final da década: foi ela que consolidou a marca Caio como fabricante de veículos resistentes e confiáveis. Foram muitos os chassis encarroçados por ela com motor dianteiro, central ou traseiro – desde os Leyland e ACLO ingleses até os primeiros Mercedes-Benz importados da Alemanha. Eram ônibus voltados para o transporte urbano, intermunicipal, rodoviário ou utilizados como baús de mudança. Com este modelo a Caio assistiu à inauguração da indústria automobilística brasileira, encarroçando os primeiros chassis nacionais.

Um dos modelos pioneiros fabricado pela Caio na Viação Cabussu - São Gonçalo, RJ - final da década de 1940.

(Acervo Marcelo Prazs).

Ônibus Caio com chassi Volvo da Pássaro Marron diante da Basílica de Aparecida, SP em 1947.

(Acervo Sérgio Martire).

Chassi Siccar com motor traseiro fabricado pela Caio nos anos 1950 sob licença da italiana Sicca.

(Acervo CAIO).

Modelo pioneiro fabricado pela Caio sendo utilizado no transporte urbano do Rio de Janeiro, RJ - final da década de 1940 - provável chassi norte-americano Indiana.

(Acervo Arquivo Nacional).

Ônibus urbano CAIO 1952 sobre chassi inglês ACLO de motor sob o piso.

(Acervo CAIO).

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Caio modelo "Fita Azul" sobre chassi Siccar 1953 produzido para a CMTC de São Paulo, SP.

(Acervo CAIO).

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Folder de promoção do trólebus "Caio-Villares", publicado pela Caio.

(Fonte:   https://www.casadocolecionador.net/produto/35044/folder+propaganda+onibus+urbano+e+eletrico+(+trolebus+)+caio+caio+villares+anos+60.html).

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Trólebus Caio / FNM / Ansaldo - CTA Araraquara/SP.

(Fonte:  https://www.lexicarbrasil.com.br/wp-content/uploads/2014/06/caio29.jpg).

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Trólebus Caio / Massari / FNM / Villares - CTU Recife/PE.

(Fonte: https://www.lexicarbrasil.com.br/wp-content/uploads/2014/06/caio30.jpg).

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Trólebus Caio / Massari / Villares - CTA Araraquara/SP.

(Fonte: https://www.lexicarbrasil.com.br/wp-content/uploads/2014/06/caio58a.jpg).

Em 1980 a Caio colocou em operação parte da nova planta de Botucatu (oficialmente inaugurada em 1985). Nessa década, seguindo os demais grandes fabricantes, participou a Caio dos programas federais de modernização dos trólebus e das carrocerias urbanas (origem do projeto Padron), iniciativas que definiriam as normas básicas – técnicas e dimensionais – às quais os equipamentos para transporte urbano de passageiros deveriam passar a atender. A partir da nova carroceria Amélia foram fabricados alguns protótipos de trólebus, em consórcio com a Scania-Villares (TC 001 e TC 002) e com a Massari-Brown Boveri, todos eles com portas largas, suspensão pneumática e estrutura em aço de alta resistência, como determinavam as especificações das carrocerias padron. Estes três veículos foram incorporados à frota da CTA, de Araraquara/SP.

Em 1985 houve a encomenda, pela CMTC, de um dos protótipos do primeiro trólebus articulado do país, com carroceria Amélia de 18,0 m de comprimento e capacidade para 210 passageiros, que seria fabricado em consórcio com a Volvo e a Villares.

Em 2000 a Caio teve a falência decretada. A empresa não passou muito tempo inativa: como forma de aproveitar seu potencial fabril e a mão-de-obra especializada colocada em disponibilidade, a Justiça autorizou o arrendamento da massa falida, assumida, em janeiro de 2001, pela Induscar Indústria e Comércio de Carrocerias Ltda., firma especialmente constituída para esse fim pelo maior operador de ônibus de São Paulo – e maior cliente da Caio – José Ruas Vaz. O contrato de arrendamento incluía o uso das instalações de Botucatu e da marca Caio; a Caio-Norte foi desativada.

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Trólebus Caio / Scania / Villares - TC001 - CTA Araraquara/SP.

(Fonte: https://onibusbrasil.com/marcobusabc/2169427).

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Trólebus Caio / Scania / Villares - TC002 - Transerp Ribeirão Preto/SP.

(Fonte: Facebook).

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Trólebus Caio / Volvo / Villares - CMTC/SP.

(Fonte: https://www.lexicarbrasil.com.br/wp-content/uploads/2014/06/caio65a.jpg).

A partir de 2008 a Caio retorna ao mercado de trólebus, fornecendo diversas unidades aos sistemas de São Paulo Capital e região metropolitana, conforme tabelas a seguir, com diversas inovações, como por exemplo os equipados com terceiro eixo direcional.

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Trólebus encarroçados pela Caio - sistema de trólebus da cidade de São Paulo - SP.

(Fonte: Wikipédia - abril/2019).

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O trólebus CAIO/Scania/Eletra prefixo 5500 fabricado em 2011 para o corredor ABD - Consórcio Metra..

(Acervo CAIO).

O trólebus CAIO/Scania/Eletra prefixo 5500 fabricado em 2011 para o corredor ABD - Consórcio Metra..

(Acervo CAIO).

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O trólebus CAIO/Scania/Eletra prefixo 5500 fabricado em 2011 para o corredor ABD - Consórcio Metra..

(Acervo CAIO).

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O protótipo de trólebus BRT fabricado em 2012 com chassi Scania de 3 eixos para o sistema de São Paulo - Ambiental Transportes.

(Acervo CAIO).

 

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