Trólebus Brasileiro:
Fabricantes - Carrocerias
* Companhia Americana Industrial de Ônibus – CAIO
A Companhia Americana Industrial de Ônibus – CAIO foi criada em dezembro de 1945, em São Paulo (SP), pelos irmãos Piedade Gonçalves, proprietários de uma revenda Ford, e por José Massa, imigrante italiano chegado ao Brasil em 1.924 que viria a assumir o controle da sociedade doze anos após sua fundação. José Massa trabalhara durante dezoito anos na Grassi. Sua experiência, aliada à avidez por mais ônibus no Brasil de pós-guerra, fez com que a produção da empresa crescesse rapidamente, já em 1947 sendo construídas 319 carrocerias. A estrutura de todas elas era de madeira de lei revestida de chapas de aço; o piso também era de madeira, recoberto de linóleo, e as poltronas estofadas em couro. Só em 1952 a Caio produziria sua primeira carroceria totalmente metálica, com estrutura construída com perfis de aço em U, com abas, e chapeamento externo ainda em aço.
Em 1960 a Caio lançou o modelo Bossa Nova, radicalmente diferente dos anteriores – uma carroceria com janelas largas, vidros deslizantes e para-brisas panorâmicos. Com ele a empresa definitivamente abandonava os para-brisas planos e a seqüência de pequenas janelas quadradas de guilhotina nas laterais. Esta foi a primeira carroceria dita “tubular” da empresa (feita com chapas estampadas em duplo U). Inicialmente fabricado com colunas verticais, logo o modelo Bossa Nova assumiria colunas inclinadas, acompanhando o estilo então em moda. O Bossa Nova também serviu de base para a fabricação dos primeiros trólebus Caio, produzidos para os sistemas de Araraquara/SP e Recife/PE, equipados com chassi Massari ou FNM e elétrica Ansaldo (Araraquara) e Villares (Recife).
No final da década de 1970, junamente com a Villares e Massari, forneceu uma série de trólebus com carroceria Gabriela para o sistema de Araraquara. Pertenciam à segunda geração de trólebus brasileiros, apesar de ainda serem equipados com controle de tração a contatores.

Folder de promoção do trólebus "Caio-Villares", publicado pela Caio.
(Fonte: https://www.casadocolecionador.net/produto/35044/folder+propaganda+onibus+urbano+e+eletrico+(+trolebus+)+caio+caio+villares+anos+60.html).

Anúncio dos produtos Caio de 1963, onde o trólebus aparece como "ônibus elétrico".
(Fonte: acervo "Diário do Transporte").

Trólebus Caio / FNM / Ansaldo - CTA Araraquara/SP.
(Fonte: https://www.lexicarbrasil.com.br/wp-content/uploads/2014/06/caio29.jpg).

Trólebus Caio / Massari / FNM / Villares - CTU Recife/PE.
(Fonte: https://www.lexicarbrasil.com.br/wp-content/uploads/2014/06/caio30.jpg).

Trólebus Caio / Massari / Villares - CTA Araraquara/SP.
(Fonte: https://www.lexicarbrasil.com.br/wp-content/uploads/2014/06/caio58a.jpg).
Em 1980 a Caio colocou em operação parte da nova planta de Botucatu (oficialmente inaugurada em 1985). Nessa década, seguindo os demais grandes fabricantes, participou a Caio dos programas federais de modernização dos trólebus e das carrocerias urbanas (origem do projeto Padron), iniciativas que definiriam as normas básicas – técnicas e dimensionais – às quais os equipamentos para transporte urbano de passageiros deveriam passar a atender. A partir da nova carroceria Amélia foram fabricados alguns protótipos de trólebus, em consórcio com a Scania-Villares (TC 001 e TC 002) e com a Massari-Brown Boveri, todos eles com portas largas, suspensão pneumática e estrutura em aço de alta resistência, como determinavam as especificações das carrocerias padron. Estes três veículos foram incorporados à frota da CTA, de Araraquara/SP.
Em 1985 houve a encomenda, pela CMTC, de um dos protótipos do primeiro trólebus articulado do país, com carroceria Amélia de 18,0 m de comprimento e capacidade para 210 passageiros, que seria fabricado em consórcio com a Volvo e a Villares.
Em 2000 a Caio teve a falência decretada. A empresa não passou muito tempo inativa: como forma de aproveitar seu potencial fabril e a mão-de-obra especializada colocada em disponibilidade, a Justiça autorizou o arrendamento da massa falida, assumida, em janeiro de 2001, pela Induscar Indústria e Comércio de Carrocerias Ltda., firma especialmente constituída para esse fim pelo maior operador de ônibus de São Paulo – e maior cliente da Caio – José Ruas Vaz. O contrato de arrendamento incluía o uso das instalações de Botucatu e da marca Caio; a Caio-Norte foi desativada.

Trólebus Caio / Scania / Villares - TC001 - CTA Araraquara/SP.
(Fonte: https://onibusbrasil.com/marcobusabc/2169427).

Trólebus Caio / Scania / Villares - TC002 - Transerp Ribeirão Preto/SP.
(Fonte: Facebook).

Trólebus Caio / Volvo / Villares - CMTC/SP.
(Fonte: https://www.lexicarbrasil.com.br/wp-content/uploads/2014/06/caio65a.jpg).
A partir de 2008 a Caio retorna ao mercado de trólebus, fornecendo diversas unidades aos sistemas de São Paulo Capital e região metropolitana, conforme tabelas a seguir, com diversas inovações, como por exemplo os equipados com terceiro eixo direcional.

Trólebus encarroçados pela Caio - sistema de trólebus da cidade de São Paulo - SP.
(Fonte: Wikipédia - abril/2019).

Trólebus encarroçados pela Caio - sistema de trólebus da região metropolitana de São Paulo - SP.
(Fonte: Wikipédia - abril/2019).


O trólebus CAIO/Scania/Eletra prefixo 5500 fabricado em 2011 para o corredor ABD - Consórcio Metra..
(Acervo CAIO).

O trólebus CAIO/Scania/Eletra prefixo 5500 fabricado em 2011 para o corredor ABD - Consórcio Metra..
(Acervo CAIO).

O trólebus CAIO/Scania/Eletra prefixo 5500 fabricado em 2011 para o corredor ABD - Consórcio Metra..
(Acervo CAIO).
O protótipo de trólebus BRT fabricado em 2012 com chassi Scania de 3 eixos para o sistema de São Paulo - Ambiental Transportes.
(Acervo CAIO).
* Ciferal Comércio Indústria e Participações
A Ciferal Comércio Indústria e Participações Ltda foi fundada em 1955, e instalou-se primeiramente em Ramos, na cidade do Rio de Janeiro. A empresa fabricou seu primeiro ônibus urbano em 1957. Em 1961, a encarroçadora conquistou seu primeiro grande cliente, a Viação Cometa. Posteriormente a empresa deixou de produzir as encomendas desta Viação - conhecidos como Dinossauro - levando-a a criar uma encarroçadora própria, a CMA - Companhia Manufatureira Auxiliar, e levando profissionais da CMA para fabricar os ônibus customizados da empresa. Destacou-se no mercado por ter sido uma das primeiras do país a usar duralumínio nas carrocerias.
No início da década de 1970, a empresa juntou-se às encarroçadoras Cribia e Metropolitana - esta, fundada em 1948, sendo posteriormente vendida à Caio.
A Ciferal chegou a ser estatal na década de 1980, quando o então governador daquele estado, Sr. Leonel Brizola decidiu pela compra da empresa. A fábrica desenvolveu jardineiras - ônibus especiais para passeios turísticos em praias - e ônibus novos para a CTC-RJ. Neste mesmo período a empresa enfrenta uma grave crise financeira, tendo como auge o cancelamento de um pedido de 2 mil ônibus elétricos encomendado pela CMTC, de São Paulo. Sendo assim, pouco mais de 200 trólebus foram fornecidos aos sistemas de São Paulo e Recife.

Projeto do trólebus Ciferal Amazonas a ser fornecido para a CMTC de São Paulo.
(Fonte: https://www.lexicarbrasil.com.br/ciferal/).

O trólebus Amazonas com carroceria Ciferal fornecido à CMTC de São Paulo.
(Fonte: https://www.lexicarbrasil.com.br/ciferal/).

Reportagem do "Diário de Pernambuco" acerca dos trólebus Amazonas que foram fornecidos para o sistema de trólebus de Recife.
Diário de Pernambuco - ano 1981 - edição 45 - Domingo, 15 de fevereiro de 1981.
(Fonte: https://memoria.bn.gov.br/hdb/periodico.aspx).
A crise teve ainda uma espécie de cisão, quando sócios da Ciferal abriram a Ciferal Paulista, uma espécie de filial da Ciferal, em São Paulo. Do mesmo modo, em Pernambuco, surgiu a Reciferal. Os carros da Ciferal Paulista e da Reciferal tinham diferenças de acabamento em relação aos modelos Tocantins da Ciferal, basicamente em lanternas e desenhos de tampas do motor. Porém, a Ciferal Paulista foi rebatizada posteriormente de Condor, e em seguida de Thamco. Lembrando que a Thamco encerrou suas atividades, surgindo em seu lugar a empresa Neobus, sendo posteriormente rebatizada de Neobus San Marino, transferindo-se de Guarulhos, na Grande São Paulo, para Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
Em 1992 transferiu-se para Xerém, no município de Duque de Caxias - RJ, nas antigas instalações da FNM - Fábrica Nacional de Motores. sendo comprada por empresários de ônibus que eram clientes antigos da empresa. Finalmente em 2001 foi adquirida pela Marcopolo S/A.
